Reflexão sobre a
entrevista do professor Antonio Nóvoa
O que
é ser professor hoje? Quem sou eu nesse contexto? São questões difíceis de
serem respondidas pela complexidade de nossa moderna sociedade capitalista,
baseada nos meios de produção que apresenta como paradigma o consumo.
Este modelo de desenvolvimento apresenta uma homogeneização
cultural dos padrões de produção e consumo ocasionando uma perda de identidade
e o aumento da alienação cultural, política e social.
A escola se faz reflexo da sociedade, uma esfera reprodutora
desta realidade fria e individualista em que vivemos, perdida em meio à nuvem
densa e obscura da alienação em massa, ajudando a transformar as futuras
gerações em marionetes do sistema capitalista onde a sede de consumir e o poder do ter é maior que as relações
humanas.
Vejo-me
nesta lógica. A educação é o principal instrumento para a transformação da
realidade, mas também é o principal instrumento para a manutenção da mesma, do “status co” da classe dominante. O
Estado e nossos representantes deveriam servir e defender os interesses da
grande massa, da população em geral, no entanto serve as grandes corporações, aos grandes empresários e
latifundiários, e a educação funciona como instrumento de manipulação da
população, nenhum governante quer pessoas cultas e críticas em relação à
sociedade em que vivem, o maior inimigo do governo e do sistema é o povo
instruído.
Lógica esta questionada
e combatida todos os dias como educador que sou, faço minhas as palavras de
Paulo Freire:
“Sou
professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o
autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a
ditadura de direita ou de esquerda.
Sou
professor a favor da luta constante
contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos
indivíduos ou das classes sociais.
Sou
professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a
miséria na fartura.
Sou
professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo.
Sou
professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou
professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some
se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não
luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo descuidado,
corre o risco de se amofinar e já não ser testemunho que deve ser de lutador
pertinaz, que cansa mas não desiste.”
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